Reiki - Iniciação e Autoaplicação para Longevos

 




    Esse texto é dirigido especialmente a quem já tem algum contato com a prática de Reiki, seja por atendimentos ou cursos, mas caso você ainda não conheça, deixarei ao final uma descrição da técnica que está na portaria que inclui a terapêutica no Sistema Único de Saúde. E sugiro que se dê a oportunidade de conhece-la, receba uma sessão ou tratamento ou mesmo faça a iniciação básica em um Curso de Reiki Nível I. Acrescento que vais encontrar diversos sistemas de Reiki e estou me referindo ao Sistema Usui de Harmonização Natural, ou seja, o que foi desenvolvido pelo Mestre Mikao Usui e segue um caminho passo a passo em sua aprendizagem, desenvolvimento e prática, sem acúmulo de muitas informações ou diversos níveis de uma única vez. De toda forma fico à disposição em meus contatos, que você encontra aqui, para esclarecimentos e sugestões.

    Bem, o ponto desse texto é a a possibilidade que o Reiki proporciona de que qualquer pessoa possa ser iniciada e aprender sem pré-requisitos. Um curso para iniciantes, no primeiro nível especialmente, não é somente para quem deseja atuar profissionalmente com a terapêutica, mas trata-se de um passo bastante positivo no autocuidado.

    Em nosso sistema, nesse primeiro nível o aprendiz é iniciado e tem treinamento com Reiki para autoaplicação e aplicação em outras pessoas, animais, plantas, alimentação. Meu foco aqui será a autoaplicação.

    Vou relatar minha experiência pessoal com meu pai, que esse ano de 2025 fará 88 anos. Esse foco de atenção da prática para longevos começa naturalmente com ele, na realidade não antecipava o quanto o envolvimento dele seria positivo e benéfico e que iria impactar um movimento.

    Proporcionar a iniciação básica em Reiki para longevos com foco no aprendizado e prática da autoaplicação tem sido tão relevante pela efetividade na promoção da consciência corporal, relaxamento e de momentos meditativos e pacíficos. E sim, essa perspectiva que apresento aqui pode ser amplamente desenvolvida em estudo e pesquisa, mas se trata de um breve relato de uma experimento que inicia no núcleo familiar e tem tido desdobramentos positivos junto a meus alunos e seus familiares.

    O vídeo são de momentos de meu Pai se auto aplicando Reiki Um dos presentes que o Reiki me deu, foi a oportunidade de iniciar meus pais, irmãs e vários de meus sobrinhos. Isso é uma construção no tempo, tivemos em família uma formação religiosa bastante rígida, sem celebrar aniversários, natais, páscoas.... diante disso, talvez você possa dimensionar o valor desses instantes. Tínhamos que desligar a televisão a qualquer menção de yôga, meditação ou qualquer coisa parecida...tudo em um mesmo pacote.

    Sendo assim, essa abertura dele é também um avanço relacional e de flexibilização de visões de mundo. Para nós, um alívio após uma longa vida de prisões mentais e emocionais. (Ele é reikiano a muitos anos)

    Mas enfim, agora, costumo brincar, que dos reikianos da família, o pai é o mais comprometido consigo mesmo, ele faz auto aplicação diariamente. Nesse caso, tornar o Pai, um reikiano, teve como objetivo principal essa possibilidade de autocuidado.

    Reforço que todas as práticas que são ensinadas no Reiki Usui são convites ao silêncio, ao relaxamento e a meditação.

    Então, mesmo que, nem entremos na questão da energia, das bases de circulação energética ou qualquer validação que alguém possa considerar, uma técnica que proporciona esse momento de pausa no cotidiano, de silêncio, autocuidado e relaxamento por si só já seria valiosa. E ter meu pai a essa altura da viva, , vivendo reiki como uma prescrição diária e saudável e lembrar de tocar-se quando sente alguma necessidade de harmonização física, mental ou emocional é maravilhoso!

    Se tens um longevo em casa, ou sob cuidados, com abertura e flexibilidade para aprender algo novo, considere apresentá-lo / apresentá-la ao Reiki, a receber uma sessão e pensar em uma iniciação no primeiro nível para que possa experimentar essa bela experiência de contato consigo mesmo.

 

Jairo Salles

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Conforme a descrição da Portaria no. 849, de 27 de março de 2017 do Ministério da Saúde, que institui as Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS) no Sistema Único de Saúde (SUS), a terapêutica Reiki é descrita como sendo, “uma prática de imposição de mãos que usa a aproximação ou o toque sobre o corpo da pessoa com a finalidade de estimular os mecanismos naturais de recuperação da saúde. Baseado na concepção vitalista de saúde e doença também presente em outros sistemas terapêuticos, considera a existência de uma energia universal canalizada que atua sobre o equilíbrio da energia vital com o propósito de harmonizar as condições gerais do corpo e da mente de forma integral. A terapêutica Reiki objetiva fortalecer os locais onde se encontram bloqueios – ‘nós energéticos’ - eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular, de forma a restabelecer o fluxo de energia vital. A prática 8 promove a harmonização entre as dimensões físicas, mentais e espirituais. Estimula a energização dos órgãos e centros energéticos. A prática do Reiki, leva em conta dimensões da consciência, do corpo e das emoções, ativa glândulas, órgãos, sistema nervoso, cardíaco e imunológico, auxilia no estresse, depressão, ansiedade, promove o equilíbrio da energia vital.”

Ideias de Canário - Machado de Assis


 Machado de Assis

IDEIAS DO CANÁRIO

Um homem dado a estudos de ornitologia, por nome Macedo, referiu a alguns amigos um caso tão extraordinário que ninguém lhe deu crédito. Alguns chegam a supor que Macedo virou o juízo. Eis aqui o resumo da narração.

No princípio do mês passado, - disse ele, - indo por uma rua, sucedeu que um tílburi à disparada, quase me atirou ao chão. Escapei saltando para dentro de urna loja de belchior. Nem o estrépito do cavalo e do veículo, nem a minha entrada fez levantar o dono do negócio, que cochilava ao fundo, sentado numa cadeira de abrir. Era um frangalho de homem, barba cor de palha suja, a cabeça enfiada em um gorro esfarrapado, que provavelmente não achara comprador. Não se adivinhava nele nenhuma história, como podiam ter alguns dos objetos que vendia, nem se lhe sentia a tristeza austera e desenganada das vidas que foram vidas.

A loja era escura, atulhada das cousas velhas, tortas, rotas, enxovalhadas, enferrujadas que de ordinário se acham em tais casas, tudo naquela meia desordem própria do negócio. Essa mistura, posto que banal, era interessante. Panelas sem tampa, tampas sem panela, botões, sapatos, fechaduras, uma saia preta, chapéus de palha e de pelo, caixilhos, binóculos, meias casacas, um florete, um cão empalhado, um par de chinelas, luvas, vasos sem nome, dragonas, uma bolsa de veludo, dois cabides, um bodoque, um termômetro, cadeiras, um retrato litografado pelo finado Sisson, um gamão, duas máscaras de arame para o carnaval que há de vir, tudo isso e o mais que não vi ou não me ficou de memória, enchia a loja nas imediações da porta, encostado, pendurado ou exposto em caixas de vidro, igualmente velhas. Lá para dentro, havia outras cousas mais e muitas, e do mesmo aspecto, dominando os objetos grandes, cômodas, cadeiras, camas, uns por cima dos outros, perdidos na escuridão.

Ia a sair, quando vi uma gaiola pendurada da porta. Tão velha como o resto, para ter o mesmo aspecto da desolação geral, faltava-lhe estar vazia. Não estava vazia. Dentro pulava um canário. A cor, a animação e a graça do passarinho davam àquele amontoado de destroços uma nota de vida e de mocidade. Era o último passageiro de algum naufrágio, que ali foi parar íntegro e alegre como dantes. Logo que olhei para ele, entrou a saltar mais abaixo e acima, de poleiro em poleiro, como se quisesse dizer que no meio daquele cemitério brincava um raio de sol. Não atribuo essa imagem ao canário, senão porque falo a gente retórica; em verdade, ele não pensou em cemitério nem sol, segundo me disse depois. Eu, de envolta com o prazer que me trouxe aquela vista, senti-me indignado do destino do pássaro, e murmurei baixinho palavras de azedume.

- Quem seria o dono execrável deste bichinho, que teve ânimo de se desfazer dele por alguns pares de níqueis? Ou que mão indiferente, não querendo guardar esse companheiro de dono defunto, o deu de graça a algum pequeno, que o vendeu para ir jogar uma quiniela?

E o canário, quedando-se em cima do poleiro, trilou isto:

- Quem quer que sejas tu, certamente não estás em teu juízo. Não tive dono execrável, nem fui dado a nenhum menino que me vendesse. São imaginações de pessoa doente; vai-te curar, amigo...

- Como - interrompi eu, sem ter tempo de ficar espantado. Então o teu dono não te vendeu a esta casa? Não foi a miséria ou a ociosidade que te trouxe a este cemitério, como um raio de sol?

- Não sei que seja sol nem cemitério. Se os canários que tens visto usam do primeiro desses nomes, tanto melhor, porque é bonito, mas estou que confundes.

- Perdão, mas tu não vieste para aqui à toa, sem ninguém, salvo se o teu dono foi sempre aquele homem que ali está sentado.

- Que dono? Esse homem que aí está é meu criado, dá-me água e comida todos os dias, com tal regularidade que eu, se devesse pagar-lhe os serviços, não seria com pouco; mas os canários não pagam criados. Em verdade, se o mundo é propriedade dos canários, seria extravagante que eles pagassem o que está no mundo.

Pasmado das respostas, não sabia que mais admirar, se a linguagem, se as ideias. A linguagem, posto me entrasse pelo ouvido como de gente, saía do bicho em trilos engraçados. Olhei em volta de mim, para verificar se estava acordado; a rua era a mesma, a loja era a mesma loja escura, triste e úmida. O canário, movendo a um lado e outro, esperava que eu lhe falasse. Perguntei-lhe então se tinha saudades do espaço azul e infinito...

- Mas, caro homem, trilou o canário, que quer dizer espaço azul e infinito?

- Mas, perdão, que pensas deste mundo? Que cousa é o mundo?

- O mundo, redargüiu o canário com certo ar de professor, o mundo é uma loja de belchior, com uma pequena gaiola de taquara, quadrilonga, pendente de um prego; o canário é senhor da gaiola que habita e da loja que o cerca. Fora daí, tudo é ilusão e mentira.

Nisto acordou o velho, e veio a mim arrastando os pés. Perguntou-me se queria comprar o canário. Indaguei se o adquirira, como o resto dos objetos que vendia, e soube que sim, que o comprara a um barbeiro, acompanhado de uma coleção de navalhas.

- As navalhas estão em muito bom uso, concluiu ele.

- Quero só o canário.

Paguei-lhe o preço, mandei comprar uma gaiola vasta, circular, de madeira e arame, pintada de branco, e ordenei que a pusessem na varanda da minha casa, donde o passarinho podia ver o jardim, o repuxo e um pouco do céu azul.

Era meu intuito fazer um longo estudo do fenômeno, sem dizer nada a ninguém, até poder assombrar o século com a minha extraordinária descoberta. Comecei por alfabeto a língua do canário, por estudar-lhe a estrutura, as relações com a música, os sentimentos estéticos do bicho, as suas ideias e reminiscências. Feita essa análise filológica e psicológica, entrei propriamente na história dos canários, na origem deles, primeiros séculos, geologia e flora das ilhas Canárias, se ele tinha conhecimento da navegação, etc. Conversávamos longas horas, eu escrevendo as notas, ele esperando, saltando, trilando.

Não tendo mais família que dous criados, ordenava-lhes que não me interrompessem, ainda por motivo de alguma carta ou telegrama urgente, ou visita de importância. Sabendo ambos das minhas ocupações científicas, acharam natural a ordem, e não suspeitaram que o canário e eu nos entendíamos.

Não é mister dizer que dormia pouco, acordava duas e três vezes por noite, passeava à toa, sentia-me com febre. Afinal tornava ao trabalho, para reler, acrescentar, emendar. Retifiquei mais de uma observação, - ou por havê-la entendido mal, ou porque ele não a tivesse expresso claramente. A definição do mundo foi uma delas. Três semanas depois da entrada do canário em minha casa, pedi-lhe que me repetisse a definição do mundo.

- O mundo, respondeu ele, é um jardim assaz largo com repuxo no meio, flores e arbustos, alguma grama, ar claro e um pouco de azul por cima; o canário, dono do mundo, habita uma gaiola vasta, branca e circular, donde mira o resto. Tudo o mais é ilusão e mentira.

Também a linguagem sofreu algumas retificações, e certas conclusões, que me tinham parecido simples, vi que eram temerárias. Não podia ainda escrever a memória que havia de mandar ao Museu Nacional, ao Instituto Histórico e às universidades alemãs, não porque faltasse matéria, mas para acumular primeiro todas as observações e ratificá-las. Nos últimos dias, não saía de casa, não respondia a cartas, não quis saber de amigos nem parentes. Todo eu era canário. De manhã, um dos criados tinha a seu cargo limpar a gaiola e pôr lhe água e comida. O passarinho não lhe dizia nada, como se soubesse que a esse homem faltava qualquer preparo científico. Também o serviço era o mais sumário do mundo; o criado não era amador de pássaros.

Um sábado amanheci enfermo, a cabeça e a espinha doíam-me. O médico ordenou absoluto repouso; era excesso de estudo, não devia ler nem pensar, não devia saber sequer o que se passava na cidade e no mundo. Assim fiquei cinco dias; no sexto levantei-me, e só então soube que o canário, estando o criado a tratar dele, fugira da gaiola. O meu primeiro gesto foi para esganar o criado; a indignação sufocou-me, caí na cadeira, sem voz, tonto. O culpado defendeu-se, jurou que tivera cuidado, o passarinho é que fugira por astuto...

- Mas não o procuraram?

- Procuramos, sim, senhor; a princípio trepou ao telhado, trepei também, ele fugiu, foi para uma árvore, depois escondeu-se não sei onde. Tenho indagado desde ontem, perguntei aos vizinhos, aos chacareiros, ninguém sabe nada.

Padeci muito; felizmente, a fadiga estava passada, e com algumas horas pude sair à varanda e ao jardim. Nem sombra de canário. Indaguei, corri, anunciei, e nada. Tinha já recolhido as notas para compor a memória, ainda que truncada e incompleta, quando me sucedeu visitar um amigo, que ocupa uma das mais belas e grandes chácaras dos arrabaldes. Passeávamos nela antes de jantar, quando ouvi trilar esta pergunta:

- Viva, Sr. Macedo, por onde tem andado que desapareceu?

Era o canário; estava no galho de uma árvore. Imaginem como fiquei, e o que lhe disse. O meu amigo cuidou que eu estivesse doudo; mas que me importavam cuidados de amigos? Falei ao canário com ternura, pedi-lhe que viesse continuar a conversação, naquele nosso mundo composto de um jardim e repuxo, varanda e gaiola branca e circular...

- Que jardim? que repuxo?

- O mundo, meu querido.

- Que mundo? Tu não perdes os maus costumes de professor.

O mundo, concluiu solenemente, é um espaço infinito e azul, com o sol por cima.

Indignado, retorqui-lhe que, se eu lhe desse crédito, o mundo era tudo; até já fora uma loja de belchior...

- De belchior? trilou ele às bandeiras despregadas. Mas há mesmo lojas de belchior?


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