Atuo com Terapias Integrativas e Complementares desde 1993, quando iniciei atividades como Massoterapeuta. Sou praticante de Reiki desde 1998, quando fui iniciado no Reiki Nível 1 Sistema Usui por Oriel Abarca em Florianópolis-SC, Fui conduzido ao Reiki por Bárbara Rios Machado. Nos anos que seguiram fui iniciado em Reiki Nível 2 em 1999 e no Reiki 3A em 2000 por Bárbara que já havia então, realizado seu Mestrado em Reiki.
Eu não imaginava lá em 1998 que estava entrando em contato com algo que seria tão central em minha vida, tanto que, após o Reiki 3A senti que estava em um caminho que acrescentava a cada passo e que seguiria em direção ao Mestrado. No entanto, esse passo somente ocorreu 10 anos depois do Reiki 3A. fui iniciado Mestre em Reiki em 2010. Hoje posso compreender o porque aconteceu somente após tanto tempo.
O Reiki tem tanto a oferecer, e concluo após tantos anos de prática e estudos que o maior impacto do ocidente no Reiki foi e ainda é a ansiedade e a pressa nos processos, na realização dos cursos, compactando o máximo os conteúdos, muitas vezes sem vivências, como se tudo precisasse ser reduzido ao menor tempo possível. Isto se intensificou sobretudo na pandemia em 2020.
Citei acima que, me tornei praticante de Reiki em 1998, sim, porque a Iniciação em Reiki Nível I se dá em nosso sistema (Sistema Usui de Harmonização Natural) em dois dias, em uma abordagem que habilita o indíviduo a autoaplicação e ao atendimento a outras pessoas, para começar a praticar. Então, iniciam-se ou formam-se praticantes. É impossível formar um “terapeuta” em dois dias, esse “terapeuta” somente irá tomar corpo praticando, colocando-se a disposição e aprendendo no passo a passo.
Minha Mestra Bárbara Rios Machado foi pioneira na prática e divulgação do Reiki em Santa Catarina e no sul do país consolidando a Atman Amara como Casa de Excelência em Reiki. Sou profundamente grato, bebi e ainda usufruo dessa fonte e de todos os caminhos que ela desbravou. Pude acompanhar a história se desenrolando, desde momentos em que iamos atender discretamente familiares de amigos hospitalizados, até acompanhá-la para falar sobre Reiki em Hospitais. No decorrer dos anos começamos a ser chamados para falar sobre Reiki em Universidades, como no Curso de Enfermagem na Ufsc até o Reiki ser incluído no SUS em 2017 pela portaria das PICS - Práticas Integrativas e Complementares.
Reiki virou sinônimo de toda prática de trabalho com a “imposição das mãos” e embora tenhamos avançado muito, nem tudo que leva este nome é a terapêutica Reiki reconhecida pela Organização Mundial de Saúde ou a terapêutica que realmente se entende como a que foi inserida no Sistema Único de Saúde.
Hoje, suprimem-se cada vez mais as formações em cada nível, iniciando-se cada vez um número maior de pessoas no menor tempo possível, habilitando “terapeutas” que se mobilizam em transmitir conhecimentos nas redes sociais, com certificados em que constam conteúdos programáticos correspondentes a uma pós graduação. Reduz-se cada vez mais o tempo, em cursos de 3 horas, uma tarde, vários níveis ao mesmo tempo e por ai vai.
Eu sempre penso que gostaria que nossos cursos fossem mais extensivos pois há sempre mais a praticar, estudar e experienciar. Hoje nosso Nível I compreende 14 horas aula, os níveis 2 e 3 A 8 horas / aula cada um e compreendo que não conseguimos alcançar a potencialidade de tudo que o Reiki oferece nesse tempo, que de toda forma é mais do que a maioria dos cursos oferece. Para complementar já tivemos grupos voluntários atuantes por muitos anos e hoje contribuimos com diversas ações, frutos desse movimento e projetos em andamento para aprofundamento na prática de Reiki.
No caso do Mestrado em Reiki (que a primeira vista pode soar como acadêmico, mas é um termo usual na tradição da prática) dentro de nosso sistema e escola, mantemos até hoje um acompanhamento de alguns meses, em torno de 6 podendo se estender a um ano, onde o aspirante ao Mestrado acompanha seu professor em iniciações de diversos grupos de níveis diferentes e se dedica a praticar.
Importante ressaltar que ao nos referirmos a alguém como Mestre em algo, se pressupõe que o indivíduo tenha amplo domínio do que se propõe a ser Mestre e ensinar. O que acontece é que há muitas pessoas que acreditam ter um curso de Reiki e na realidade o contato que tiveram com Reiki foi apenas um belo power point bem intencionado ou uma super apostila incrível montada por IA, reunindo muita, muita informação. Mas e a prática de Reiki onde está?
Proliferam cursos como: “esse sábado já é o Mestrado” habilitando pessoas a ensinar aquilo que muitas vezes nunca desenvolveram. Um status de Mestre ensinando pessoas a se autoaplicarem, sem terem essa prática no seu próprio cotidiano ou dando autorização para pessoas atenderem outras pessoas, repetindo respostas prontas ou técnicas que nunca vivenciaram. Pessoas que nunca observaram o desenvolvimento ou os resultados de um tratamento em Reiki ensinando outras pessoas a tratarem com Reiki. Ou nem mesmo receberam uma sequência de sessões de Reiki de uma forma adequada, sem nunca terem se permitido serem cuidadas com Reiki. É como ir para a trilha orientado por alguém que pode até conhecer bem o mapa, mas nunca esteve no território.
Isso falando somente do essencial e fundamental como tarefa de primeiro nível, o autocuidado, a autoaplicação e conhecer a prática doando e recebendo. Sem falar dos discursos que se seguem nos níveis, alguém que nunca se dedicou a um autocuidado, mas pode ser habilitado a enviar Reiki para multidões.... (sem comentários).
Absolutamente não estou dizendo que há um Reiki certo ou errado e que a perspectiva ou discurso que atrai um indivíduo ressoará para outro. Considero com meus alunos que Reiki é de uma simplicidade ímpar, no entanto, quanto mais se avança, mais se pratica, mais se estuda, mais descobrimos o quanto Reiki tem a oferecer.
Reiki é realmente, um “excelente partido” é capaz de se mesclar a diferentes terapêuticas complementares de forma muito eficaz, além de encontrar terreno fértil também nos espaços de tradições religiosas, como centros espíritas, católicos, da umbanda sagrada, enfim... De toda forma este aspecto dele também exige bastante atenção definindo territórios bem estabelecidos e abordagens. Eu mesmo já tive a oportunidade de facilitar cursos desde ambientes religiosos até clínicas, spas e hospitais.
Penso que o maior desafio do Reiki hoje é a confusão que se faz com ele nessa mescla com tantas coisas, misticismos e o “atravancamento” de informações que seriam reservadas a iniciados para um grande público, o que acaba criando uma imagem que, a meu ver que não contribui em nada com a promoção do reiki para que as pessoas se beneficiem. Reiki para todos, na simplicidade e efetividade sem imposição desta ou aquela visão espiritual ou religiosa.
Há muito que se falar sobre o impacto de tanta informação desencontrada em cenários mirabolantes e também sobre os aspectos sagrados do Reiki, que embora não tenha uma conotação religiosa mantém uma condução que aproxima-se de uma religiosidade, no sentido mais positivo da palavra. Além de uma prática de autocuidado e de grande força oomplementar, Reiki nos convida a uma nova forma de ser, estar e caminhar consigo mesmo, com o outro e no mundo.
Reiki tem sido útil em diversos tratamentos, de forma ampla, complementando abordagens terapêuticas e médicas. Promove assentimento de regulação emocional, bem como cresce no âmbito das práticas paliativas no cuidado atento, silencioso e humano para pacientes terminais. O desconhecimento dessa potência humana, silenciosa e efetiva contaminada por tantas leituras e diagnósticos de leituras místicas e sensitivas sem nenhuma orientação, tem afetado o quanto o Reiki pode ampliar sua ação e benefícios nos ambientes de saúde,
Sim, todos podemos desenvolver nossas faculdades sensoriais, intuitivas e naturais e compreendo que a prática somente irá contribuir com isto, nos desenvolvendo e ampliando nossa ação como cuidadores e praticantes de Reiki. Meu ponto é a panacéia de discursos sem reflexão, sem conexão com o território de cuidado que se coloca disponível e sem aderência a realidade. Essa confusão acaba fomentando também críticas de quem nunca se aproximou de uma tentativa de conhecer de perto ou beneficiar-se de uma sessão com um praticante com uma formação adequada.
Seguimos trabalhando, atentos as demandas de nossos alunos, fornecendo as melhores orientações e as possibilidades de envolvimento com a prática para que o Reiki possa beneficiar o maior número de pessoas e mantendo um respeito ao que Reiki propõe.
Só por hoje, profundamente grato aos meus mestres Oriel e Bárbara, a meus alunos e pacientes e a todos os que caminharam antes.
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