A expressão “pensar globalmente, agir localmente” sempre me causou grande inquietação. Como operário da Paz e pela Paz, reflito sobre como colocar os recursos, reunidos por mim nas jornadas de aprendizagem, em especial, na UNIPAZ (Universidade Internacional da Paz), no Colégio Internacional dos Terapeutas (CIT), na Arteterapia e no Reiki, a serviço, de forma eficaz, na construção de pontes sobre todas as fronteiras, e contribuir para, nas palavras de Pierre Weil1, dissolver a separatividade.
Começo cedo minha jornada de autoconhecimento e de um propósito de educar-me para a Paz: por volta dos 18 anos. Tive o privilégio de encontrar oportunidades e mestres e investir meus recursos em um caminho que se mostrava muito fluido para mim. De fato, fiz um caminho inverso, pois nos movimentos e eventos em que me inseria, eu participava de círculos nos quais as pessoas presentes faziam parte de grupos com mais idade, e a maioria, aposentada, mostrava condições de dedicar tempo e dinheiro em direcionar a vida para novos caminhos. Eu praticamente começava minha vida profissional ao investir em autoconhecimento, vivências e terapias.
Se por um lado eu ficava encantado com os saberes compartilhados e com a beleza dos temas e discursos, por outro, causava-me desconforto não vivenciar efetivamente a inclusão, ou seja, as minorias, os excluídos, os grupos vulneráveis não estavam lá. A população negra, indígena, LGBTQIA+, não se faziam presentes ou não estavam tão evidentes; como eu, um homossexual, uma voz da diversidade, presente, no entanto, com o que se chama de “passibilidade”.
1 O criador da UNIPAZ, cuja proposta é despertar a paz em cada indivíduo para que possa se estender à sociedade e ao planeta Terra.
Como na fábula inspiradora, contada e recontada na UNIPAZ sobre um beija-flor levando gotas de água em seu bico para apagar um incêndio sobre a floresta, convicto de estar fazendo a sua parte, compreendo a importância do pensar global e fazer local com força renovada neste momento e explanarei sobre essa percepção no decorrer deste artigo.
Este artigo tem por objetivo a exposição do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Formação Cuidado Integral - A Terapia da Inteireza. A proposta é a apresentação do que denominamos Círculos de Cuidado, onde compartilhamos conteúdos e práticas da Formação com um indivíduo ou grupo(s) de pessoas. Primeiramente eu intencionava discorrer acerca dos casos em consultório, do trajeto que desenvolvi com o que reuni do aprendizado e da prática do Cuidado Integral, no entanto, as experiências e os eventos vivenciados durante a Formação moldaram o formato deste trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: Educação para a Paz, Cuidado Integral, Reiki.
O DESPERTAR/O CAMINHO
Minha jornada começa na turma IV da UNIPAZ em Florianópolis entre 2001 (Imagem 1) e 2003. Sigo por um caminho que me leva, em 2006, a me tornar facilitador de A Arte de Viver em Paz2. Desde então tenho me dedicado ao tema, integrando recursos e saberes como a Filosofia, a Liderança Circular, o Reiki, a Arteterapia, entre outras (in)formações.
Imagem 1

Em 2010/2011 focalizo, junto com minha saudosa e querida Dulce Magalhães (in memoriam) (Imagem 2), a Turma XI da Formação Holística de Base (FHB) na UNIPAZ SC. Dulce e eu compartilhávamos da inquietação relativa à inclusão. Nesse percurso facilitamos a participação de uma pessoa do movimento negro nessa FHB. Um momento ápice foi ter essa pessoa no grupo em um seminário facilitado por nosso querido Kaká Werá.
2 Os facilitadores do Programa A Arte de Viver em Paz (AViPaz), preparados e credenciados pela UNIPAZ, adotam a metodologia desenvolvida a partir de documentos da ONU e da UNESCO, inspirada, principalmente, pela Declaração de Veneza (1986) e contida no livro A Arte de Viver em Paz, de Pierre Weil, premiado e publicado pela UNESCO em diversos idiomas.
Fontes: Festival Mundial da Paz no Parque do Ibirapuera, São Paulo, 2012 e
IDM, Florianópolis, 2017 (foto em destaque). Focalização Turma XI Unipaz SC 2011 (laterais)
Dulce é/tem sido inspiração e força em minha vida, por tudo o que sua amizade representa para mim. Sou impulsionado a todo o momento pelos mergulhos e voos que sua presença fez e me faz crer ser possível. Dou voz aqui a muito do aprendizado que tive com ela e à oportunidade de tê-la como amiga, parceira e mestra.
A UNIPAZ já nutria o sentido de fraternidade e a ética da bênção em mim. Sinto todo esse movimento corporificar em mim silenciosa e profundamente quando em 2012 sou acolhido no Colégio Internacional dos Terapeutas tendo como terapeuta acompanhante Lorena Machado e Silva, minha mestra, amiga, mentora. Sinto que efetivamente algo novo, um trabalho novo, uma tarefa maior, se iniciava.
No tecido UNIPAZ/CIT (Imagem 3), nessa preciosa fraternidade, eu tenho a oportunidade de focalizar, a convite da Dulce, o “Encontro da Diversidade”, no X Fórum Mundial da Paz em 2016 em Florianópolis (Imagem 4).
Fonte: Parque Ecológico do Córrego Grande - Horto Florestal, Florianópolis, 2018.
Imagem 4
Esse evento mobilizou ainda mais o desejo em mim de ampliar as possiblidades de acesso à Cultura de Paz e ao Reiki para as pessoas em geral e as minorias especificamente. Conhecendo e acompanhando algumas pessoas transexuais, eu pensava no distanciamento delas desses temas e imaginava o quanto poderia ser interessante ofertá-los. Fiz contato com lideranças conhecidas de ONGs dessa causa em Florianópolis para ofertar uma ação de formação voluntária com Reiki. Obtive respostas que deixavam no tempo a ação, sem exatamente uma vinculação para fazer acontecer. Segui com essa intenção movendo-se internamente em mim.
Obviamente muitos caminhos e conexões se fizeram, mas, no tecido que pretendo apresentar, vou dar um salto até o momento em que a convite de Elaine Marta Raymundo aceito cofocalizar a Formação Cuidado Integral - A Terapia da Inteireza, mesmo sendo um aprendiz da mesma, que é o foco deste relato. Isso se dá concomitantemente com a pandemia do Covid-19 em 2020, o que nos leva à primeira edição online, ao vivo, dessa Formação.
A OBRA-PRIMA
O REIKI COMO RECURSO NO CUIDADO INTEGRAL
Desde a minha Formação no Curso de Reiki3 Nível I Sistema Usui de Harmonização Natural, em 1998, estabeleci essa prática como caminho e segui meus estudos junto à Casa de Excelência em Reiki Atman Amara em Florianópolis. Em 2010 concluí meu Mestrado em Reiki na condução da mestra Bárbara Rios Machado, mentora da Casa.
Há muitos anos, a Casa Atman Amara mantém-se envolvida em diversas ações, desde a participação em eventos, como o Festival Mundial da Paz (2006 em Florianópolis e 2012 em São Paulo) e o Fórum Mundial da Paz (2016 em Florianópolis), em palestras, cursos e atendimentos, até um programa de Reiki Voluntário que, além de promover o Reiki às pessoas, funcionava como um estágio prático aos alunos.
Em 2019, Bárbara e eu tomamos conhecimento de um projeto destinado a pessoas em situação de rua, em Florianópolis, coordenado por Ivone Maria Perassa (então aspirante ao CIT, originária da Psicologia do Instituto Izen Psicologia Transpessoal), o Programa Reiki Rua. Ivone e um grupo de voluntários realizavam o acolhimento dessas pessoas. Entre as atividades havia um momento em que lavavam os pés dessas pessoas, o que logo evoluiu para massagens nos pés. Ivone relata que esse cuidado já causava um impacto positivo nos indivíduos que retornavam às sessões com um autocuidado mais evidente. Ao final dessas intervenções era comum um instante de quietude e toques nos pés. Frequentemente algumas pessoas perguntavam se o que era feito chamava-se Reiki. Assim chegou o chamado ao Reiki para Ivone, que faz contato com a Atman Amara para iniciar-se no Nível I.
3 Uma prática de imposição de mãos que usa a aproximação ou o toque sobre o corpo da pessoa com a finalidade de estimular os mecanismos naturais de recuperação da saúde. Baseado na concepção vitalista de saúde e doença também presente em outros sistemas terapêuticos, considera a existência de uma energia universal canalizada que atua sobre o equilíbrio da energia vital com o propósito de harmonizar as condições gerais do corpo e da mente de forma integral. A terapêutica objetiva fortalecer os locais onde se encontram bloqueios, os nós energéticos, eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular, de forma a restabelecer o fluxo de energia vital. A prática promove a harmonização entre as dimensões físicas, mentais e espirituais, estimula a energização dos órgãos e centros energéticos, leva em conta dimensões da consciência, do corpo e das emoções, ativa glândulas, órgãos, sistema nervoso, cardíaco e imunológico, auxilia no estresse, na depressão, ansiedade e promove o equilíbrio da energia vital - Portaria n° 849, de 27 de março de 2017, do Ministério da Saúde, que institui as Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS) no Sistema Único de Saúde (SUS).
Bárbara e eu ficamos muito tocados e estimulados a auxiliar Ivone em seu trabalho com as pessoas em vulnerabilidade. Ofertamos a ela as certificações nos níveis seguintes de Reiki (II, III A e III B Mestrado) como uma ação do nosso Programa Voluntário.
O aspirante ao mestrado acompanha um professor nos vários níveis do curso, participando e observando a formação de turmas. No tempo considerado adequado tanto por parte do professor quanto do aprendiz, ocorrem aulas relativas à estrutura dos cursos, iniciações, participações em ações voluntárias e, por fim, há a Iniciação Mestre.
Ivone, após o Nível I, reproduziu nosso formato de atendimentos voluntários em Reiki no local onde as pessoas em situação de rua eram atendidas no centro da cidade. No decorrer do processo facilitamos a iniciação de novos voluntários para que atuassem como colaboradores.
A prática (Imagem 5), as manifestações das pessoas e os resultados mostraram-se positivos. Os indivíduos demonstravam os benefícios em estados de ânimo pelo acolhimento e manifestavam agradecimentos relatando que: “Algo está acontecendo dentro da gente!”, “Saio daqui com vontade de me cuidar, refazer meus documentos, minha vida”
Imagem 5
Passados alguns meses, na estrutura do local havia algo como um biombo separando as pessoas que estavam aguardando para serem atendidas daquelas onde estavam posicionadas macas para atendimentos. Um dos interagentes que recebia reiki há algum tempo perguntou: “Quando eu estarei do lado de lá, aplicando reiki?”
Essa manifestação nos conduziu à próxima etapa: proporcionar a Formação em Reiki Nível I para as pessoas envolvidas. O Nível I habilita o iniciado à autoaplicação e à aplicação no outro, em todos os procedimentos presenciais da terapêutica.
Após um bom planejamento em um tecido de boa vontade que envolveu instituições como A Pastoral do Povo da Rua, o Instituto Ivone Perassa, a Prefeitura de Florianópolis, o Colégio Catarinense, a Casa CIT SC4, a Casa de Excelência em Reiki Atman Amara, e muitos corações voluntários, nos dias 9 e 10 de Setembro de 2019 (Imagem 6) aconteceu gratuitamente o primeiro Curso de Reiki Nível I para 16 indivíduos, em sua maioria, em situação de rua. Algumas lideranças da causa, pelos Programas Voluntário Simplesmente Reiki e Reiki Rua, também participaram.
4 Os integrantes dessa Casa são os terapeutas sociais envolvidos nesse Programa, a saber: Ivone Maria Perassa, Jairo Salles e Ricardo Neto.
Imagem 6
Fonte: Programa Reiki Rua, Florianópolis, 2019.
Todos os participantes, certificados pela Casa de Excelência em Reiki Atman Amara (Imagem 7), receberam o curso com a carga horária habitual, de 2 dias, as quatro sintonias individuais do Sistema Usui Tradicional e atividades extensivas, pois pernoitaram no local cedido pelo Colégio Catarinense. Esse formato reforça nosso propósito de responsabilidade com essa arte de cuidar, promovendo e desmistificando uma técnica complementar e integrativa que ganha espaço nos ambientes de saúde, hoje reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde). As iniciações foram conduzidas por Ivone Maria Perassa, Bárbara Rios Machado, Cláudia Reberte, Cristiane Ker de Melo e Jairo Salles, e tiveram uma vivência noturna com o terapeuta Ricardo Neto. Os novos reikianos foram integrados às trocas de Reiki que ocorriam às terças-feiras no chamado Centro Pop (local cedido pela Prefeitura), na ação de Reiki Voluntário.
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Com o alcance dos relatos durante esse momento, tivemos retornos e manifestações positivos de movimentos e pessoas envolvidas com terapias pelo país, além da alegria de contatar interessados em reproduzir essas ações. Nossos registros acerca do programa, de cada acolhimento do desejo de iniciação em Reiki e de como as pessoas foram conduzidas, aconteceram passo a passo. Tudo ocorreu no devido tempo e em profundo respeito. Não foi uma ação imediata, de levar pessoas sem nenhum trabalho prévio, nem algum tipo de imposição. Apesar de o Reiki ser uma profissão com registro de Classificação Profissional5, em nenhum momento o caminho de profissionalização foi utilizado como estímulo a essa decisão. Sempre priorizamos o cuidado integral.
O programa seguiu com atendimentos e ficamos à disposição para o movimento e a entrada de novas pessoas. Chegaram 2020 e a pandemia. E o mundo todo conheceu os desafios e as implicações...
O Reiki é uma parte de uma iniciativa muito mais ampla de cuidados e ações para promoção de amparo, suprimento e moradia, o chamado Programa Eu Melhor.
Os grupos e as lideranças se reinventaram e foram atuantes por todo o período da pandemia em atividades diversas.
5 A CONCLA (Comissão Nacional de Classificação), ligada ao Ministério do Trabalho, reconhece o Reiki sob o código n° 8690-9/01.
CÍRCULOS DE CUIDADO INTEGRAL
Os eventos e as ações relatados a partir daqui acontecem concomitantemente à minha participação na Formação Cuidado Integral - A Terapia da Inteireza, 2020/2021 (conforme anteriormente citado, além de co-focalizar, empreendi a jornada como aprendiz no formato Pós-Graduação).
Tivemos em um dos nossos cursos de Reiki na Casa um aluno vindo do Programa Reiki Rua, Luciano dos Santos, envolvido com causas de pessoas em vulnerabilidade. Esse ser humano incrível é padre, um sacerdote católico ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e à Pastoral do Povo da Rua, e acabou sendo um grande agente de mudança.
Ele abriu as portas de um ambiente da CNBB Regional Sul 4, em Florianópolis, para que pudéssemos retomar os cursos. Nos dias 22 e 23 de Maio de 2021 estávamos com a segunda turma de Reiki Nível I no referido local. O grupo de seis pessoas incluía indivíduos em transição de situação de rua e lideranças.
Ocorreu que, embora estivéssemos no fluir do movimento, talvez existisse um foco de desconforto sobre a ousadia de estarmos em um território da Igreja Católica. Se por um lado estamos cientes de que a Igreja nesse momento apresente um grande movimento de abertura à promoção do diálogo, à integração e pela paz, sabemos que tudo é um processo e que alguns membros da mesma naturalmente tenham restrições acerca de práticas complementares e integrativas.
Por sua formação e posição dentro da CNBB esse sacerdote faz parte de atividades e pesquisas de faculdades de Teologia, de forma que recebe diversos conteúdos de estudos. Na noite do primeiro dia do curso, ao chegar à sua residência, havia uma correspondência com o livreto (Imagem 8) Encontros Teológicos V.36 N.1 Janeiro-Abril/2021 Doutrina Social da Igreja. A sincronicidade está no fato de que nessa publicação da Faculdade Católica de Santa Catarina consta um artigo sob o título O Reiki e o Sagrado, escrito por Fabrício Possebon e Renata Shirley da Silva Ferreira. Entendemos que essa publicação poderia chegar a qualquer momento ao local em que estávamos, mas no momento recebemos como um presente tão valioso para pacificar os nossos corações e podermos seguir com as atividades.
Imagem 8
Nos dias 17 e 18 de Agosto de 2021 foi realizado um workshop com Danças Circulares Sagradas, as quais tive a oportunidade de focalizar na Casa de Retiro Vila Fátima, na Praia do Morro das Pedras, em Florianópolis, que reuniu diversos voluntários no Cuidado Integral a pessoas em situação de rua.
Acabo realizando uma integração de recursos. Estabeleço, a partir do Mapa Transcultural da Inteireza do Ser6, a conexão entre os elementos, as funções da consciência, os arquétipos e saberes com os chamados princípios de Reiki utilizando vivências meditativas e as danças (Imagem 9).
6 Vide Teoria Fundamental da UNIPAZ - Manual do Aprendiz - Cuidado Integral.
Imagem 9
Vivenciamos uma bela homenagem a ela em um lugar sagrado7. A intenção de proporcionar ao grupo esse tipo de vivência existia antes da pandemia, de forma que ficamos muito felizes por encontrar um momento em que tudo se traduzia como sinal para fazer acontecer e recursos para a locação do espaço e da hospedagem.
Compomos um caminho com reflexões e vivências acerca dos Princípios de Reiki e experimentamos danças que promovem uma conexão com os mesmos por meio de outros canais de comunicação e assentimento. As danças circulares, livres ou com coreografias, são um canal efetivo e ímpar de expressão para gerar consciência, integração, autorresponsabilidade e comprometimento. Elas são recursos para o despertar de lideranças na direção, unidade e no ritmo, capazes de conduzir o grupo a resultados harmônicos que favoreçam a inclusão de todos os presentes no círculo. Como conclui Luciana Ostetto:
É mesmo um propósito das Danças Circulares trabalharem a tolerância, pois dançando não se discute ideias, toma-se uma atitude, coloca-se na roda a diferença, a intolerância, as divergências e fazemo-las rodarem (OSTETTO, 2005, p.45).
7 https://youtu.be/hllCTg3WuWg
Nas danças circulares há a importância da valorização de cada indivíduo para o movimento, o que permite a roda girar.
Vivemos tantos e tão belos momentos nesses dois dias de workshop que escapa a narrativa aqui, mas não posso deixar de citar Isac, o bebê que praticamente nasce dançando, pois sua mãe o teve logo após o evento, nem de algumas pessoas em situação de rua que, no final, desfrutaram da oportunidade de tomar um banho de chuveiro. Isso ressoa em mim e exercito internamente minha entrega do melhor que poderia a eles na facilitação e condução do que vivemos. Ver olhares retomarem brilho, abraços silenciosos, ouvir falas tomadas pela força do cuidado, pacificava e sustentava em mim, em nós, o beija-flor, a chama de estar fazendo minha/nossa parte.
Com o término do evento iniciamos as tratativas para fazer acontecer uma nova turma da Formação em Reiki Nível I. Enquanto isso, os desdobramentos e impactos da Pós-Graduação em mim, me inspiravam e me convidavam a reunir mais recursos e a ampliar o olhar sobre minha jornada. De fato, trouxeram uma compreensão maior sobre como todo o meu percurso na UNIPAZ/CIT se estabeleceu em mim e me tomou. Eu sentia que uma nova compreensão estava se ajustando...
Relato agora um acontecimento que será relevante na teia de eventos que seguem: após quatro anos de acompanhamento, convidei a nossa Casa CIT para o acolhimento (Imagem 10) de minha acompanhada no Colégio, Kátia Regina Luz, aprendiz e operária pela Paz na UNIPAZ. Kátia é uma sacerdotisa da Umbanda Sagrada e sentimos que seria rico de significado e beleza se a cerimônia de seu acolhimento se desse no Terreiro que coordena. E assim ocorreu, em 05 de Outubro de 2021. Estivemos particularmente tocados por ter o CIT dentro de um Terreiro e nesse ambiente sagrado vivemos momentos preciosos.
Imagem 10
Como terapeuta acompanhante, além de todo o cuidado na Cerimônia eu tinha como tarefas práticas a coleta de assinaturas da Kátia, a nova terapeuta, e dos terapeutas testemunhas que acompanharam o seu acolhimento.
A Cerimônia do CIT ocorreu uma semana antes da nova Formação em Reiki Nível I. Entre um evento e outro, percebi que justamente faltava a assinatura de Kátia nos documentos que eu deveria registrar no CIT Brasil. Assim, avisei Kátia que durante a semana seguinte eu daria um curso em um bairro mais próximo ao dela e se ela pudesse passar no local, resolveríamos agilmente essa questão. Ela respondeu que iria com prazer ao final do curso,me levaria para casa e assinaria a documentação. Fiquei feliz com essa possibilidade de estarmos juntos mais uma vez.
Na semana seguinte, nos dias 12 e 13 de Outubro de 2021, aconteceu, na CNBB Regional Sul 4, a Terceira Turma do Curso de Reiki Sistema Usui Nível 1 para pessoas em situação de rua (Imagem 11). Uma equipe de voluntários incríveis, dedicada ao cuidado, transporte, à alimentação, estrutura etc., revezou-se como babá de Isac para que sua mãe pudesse fazer o curso. Essa tarefa deixou todo o nosso movimento tomado por beleza, graça e amorosidade únicas ao acolhermos os momentos em que o bebê, aparecendo tranquilamente em braços diferentes, se integrava para mamar.
Imagem 11
Foram momentos intensos, mais uma vez. Nos bastidores muitas ações se efetivaram para que três pessoas do grupo, ainda em situação de rua, saíssem ao final do curso para um local alugado.
Celebração. Entrega de certificados. Kátia chega. Ivone a acolhe e convida-a, juntamente com o Padre Luciano, para que conduzam bênçãos ao grupo (Imagem 12).
Imagem 12
E assim comemoramos a diversidade: o CIT em um Terreiro, uma bênção do Sacerdote Cristão e da Sacerdotisa da Umbanda dentro da CNBB em um curso de Reiki, facilitado por mim, um homossexual, para pessoas voluntárias em situação de rua, compostas por negros e uma mulher transexual (ex-situação de rua).
São tantos dados que confesso que no momento final eu estava atravessado pela beleza da bênção Católica/Umbanda e somente no assentimento, que se deu aos poucos, fui integrando em mim a visão mais completa acima descrita.
E percebo... Dou conta da experiência culminante de estar vivendo naquele instante o microcosmo do mundo que tenho sonhado. Do mundo que venho querendo crer que estou ajudando a construir como o beija-flor sobre o incêndio. Revisito esse momento em plenitude e emoção, agradecido por todo o caminho e por todos os aliados e pelas forças, por todos os Mestres e Amigos de Alma que me conduziram até esse momento: Bárbara, Ivone, Luciano e todos os envolvidos.
Tenho em meu pequeno universo a oportunidade de viver o abraço real, o afeto sincero, o amor sem fronteiras, o sermos iguais e do mesmo tamanho, o coletivo dar as mãos da Utopia Realizável, das inspirações de Pierre (Imagem 13), de Dulce, Lydia, Roberto e tantos que antecederam e são comigo na jornada.
Imagem 13
A seguir haverá transcrições de alguns depoimentos dos participantes das atividades. A maioria das pessoas consentiu em revelar seus nomes. Optamos pelo formato de siglas.
M.R., homem, 57 anos.
“Como o Reiki entrou na minha vida? Foi num estágio da minha vida que não era vida, não tinha nem esse nome. Eu tinha começado a ficar na rua, tinha dado um monte de problemas... Eu tenho essa cirurgia do intestino aqui, e casualmente no dia, eu passei no Centro Pop para fazer outras coisas e vi que estavam aplicando Reiki. Eu conhecia o Reiki de outros tempos. Tenho algumas amigas que são mestras, enfim... E foi assim, uma injeção de vida, de bem-querer, de bem-estar, de voltar, de acordar. Tudo o que se enfrenta na vida, a gente que causa; nada cai, assim, no seu colo, de grátis, então, conheci a Ivone e através dela fui me afeiçoando à situação, eu e (cita diversos nomes), somos todos de uma “geraçãozinha ali”, né? Eu sei que, mas, eu saí dali com uma perspectiva de vida melhor, quero ser pra mim, quero poder estar fazendo Reiki. Eu não sou tão presente devido a várias circunstâncias. Agora com a vida voltando, ao vamos dizer, assim, comum, eu quero poder estar mais presente. O que o Reiki impactou na minha vida? Tantas coisas... O Reiki impactou, por exemplo, eu sou um cara meio estourado, ele impactou numa transformação de olhar. Então, hoje, eu escuto, eu vejo, eu penso... E essa concentração eu consigo devido ao Reiki. Há situações e situações, porém, o que que eu vou te dizer? Quando se serve de condutor a uma energia tão boa, uma energia tão forte, tu não tem o que “arear”, isso não, isso é ruim, isso é bom, Reiki é Reiki! Sabe, é só bem, é só amor, é paz, como falei anteriormente, é Vida! Então tu te prepara para aquele momento, ele não vem do nada, não é assim, um estalar de dedos e você está ali, presente. Pra mim não, ao menos, porque eu gosto de me preparar, ficar com a cabeça vazia de problemas e soluções, eu gosto de ficar ali, simplesmente como condutor. Eu sei que a pessoa que está ali recebendo, assim como eu, vai sair dali muito bem. Então, ele impacta minha vida de diversas formas, o trabalho que a gente tem com o pessoal da rua, tanto o Reiki, a psicologia, o autoconhecimento, o cuidado, o Eu Melhor, então, tudo impacta e impacta pro lado bom”.
J.E.O., homem, 52 anos.
“Eu nasci no interior do Paraná. Com 4 anos eu fui pra São Paulo, me criei lá. Em um dos lugares mais violentos... Diferente de vários amigos de infância e de adolescência, eu foquei nos estudos porque eu via que o estudo é o que me daria uma condição melhor pra ajudar minha mãe, porque meu pai nos abandonou quando eu tinha 11 anos. Ele foi embora, abandonou minha mãe e os filhos. Eu foquei no estudo. Me formei numa faculdade do Paraná, em Agronomia. Sou Engenheiro Agrônomo formado e dali a minha vida mudou literalmente porque eu fui trabalhar numa multinacional [...] e através dela eu viajei Brasil afora, mundo afora, conheci alguns países da Europa, da África, da Ásia, América do Sul. O Brasil só tem três estados que eu não conheço ainda. Nessa empresa eu fiquei por 10 anos e consegui nesse meio tempo ter um poder aquisitivo muito bom para ajudar minha família, amigos. Sempre tive na veia esse lado de pensar nas pessoas e ajudar as pessoas. E minha vida foi essa até os meus... 2005 eu voltei pro Brasil e me desliguei da empresa. Aí me envolvi na política porque é uma coisa que eu também amo fazer. Fui trabalhar de assessor de vereador, deputado, e alguns cargos dentro de algumas prefeituras. Em 2012 eu descobri que tinha um câncer e literalmente eu tentei o suicídio porque não fui fazer o tratamento. Achei que já tinha vivido bem e ia me entregar. Nesse meio tempo, eu já gostava de jogo de baralho, me envolvi no jogo. Entrei com tudo na jogatina, ia na sexta-feira à noite e voltava pra casa na segunda-feira de manhã pra tomar um banho e ir trabalhar. Isso durou em torno de 8, 9 meses. Quando eu vi as coisas que eu tinha conseguido trabalhando, eu perdi tudo, casa, carro, terreno, fiquei devendo pra agiota porque eu trocava cheque pro jogo e aí eu literalmente vivi em situação de rua, perdido, perdido. Eu precisava recomeçar minha vida em um lugar diferente. Aí eu estava na rodoviária de São Paulo, no dia 30 de Janeiro de 2013, e olhando no guichê lá, eu vi escrito Florianópolis. E eu não conheço, nunca fui. Conheço tanto lugar e não conheço Florianópolis. Eu simplesmente comprei uma passagem e vim pra Florianópolis. Foi onde eu vivi em situação de rua mesmo, passei um bom período dormindo nas marquises. Às vezes eu conseguia uma vaga num albergue. Isso durou um ano e oito meses. Nesse tempo eu conheci o Movimento Nacional da População de Rua e me tornei militante do movimento, na luta por políticas públicas, por melhoria dos equipamentos da Secretaria do Centro Social do município, do Estado, do Brasil. Fiquei por 5 anos militando no movimento. Em 2018 eu recebi uma proposta. Nesse período eu conheci uma pessoa maravilhosa, que eu digo que é minha mãezona, minha mestra, a Ivone Perassa. Ela me convidou pra Pastoral do Povo da Rua porque me instigava, eu queria algo diferente para as pessoas que estavam em situação de rua, não queria aquele círculo vicioso, de ficar dando comida, cobertor, roupa. Não que isso não é necessário, isso é necessário, mas a gente tinha que pensar mais. E através desse convite pra Pastoral, eu, a Ivone e a Camila, na época, começamos a pensar coisas diferentes. Foi onde a gente começou a pensar em fazer imersões, formação, rodas de conversa e nesse período eu descobri que eu tinha uma inflamação na lombar e precisava de um tratamento. E aí a gente precisava ocupar os espaços da Prefeitura. Espaço que é da população em situação de rua por direito. Daí a Ivone teve a ideia de aplicar Reiki em mim no Centro Pop. O Centro Pop tinha recém-saído da passarela, tinha ido para onde está até hoje, que é ali na General Bittencourt, 349. E aí conversei com a coordenadora do Centro Pop, que na época era amiga nossa, a Kelly Proença, e ela disse tudo bem. Aí a Ivone começou a me aplicar Reiki ali uma vez por semana, toda terça-feira à tarde, e assim a gente foi entrando no espaço e nunca mais saímos. Ivone conseguiu mais alguns voluntários e começamos a aplicar Reiki no Centro Pop nas pessoas em situação de rua. E aquilo foi instigando, instigando, até que uma pessoa que estava em situação de rua, hoje, graças a Deus, não está mais. Devido ao nosso trabalho, devido ao Reiki, perguntou: “Que dia que eu vou estar ali aplicando?” Foi onde a Ivone se sentiu desafiada, no bom sentido. Aí nós conversamos. Ela já conhecia o Jairo e fez o convite pra ele ministrar cursos de Reiki pra população em situação de rua e aquilo foi transformador na minha vida e na vida de muitos. Por que eu digo que foi transformador? Porque a gente faz uma ideia diferente: pra maioria Reiki era uma religião, uma seita, era tudo essas coisas, mas não. Reiki é uma coisa que nos transforma porque ele ensina a gente a cuidar da gente de verdade, com autoaplicação. E é maravilhoso porque além da gente poder se autocuidar, você cuida do outro, porque se você consegue se cuidar bem, você consegue transformar a vida das pessoas que você gosta, que você conhece. Reiki pra mim foi isso. E aí várias pessoas passaram pelo curso de Reiki. Alguns fizeram Nível I, Nível II e Nível III. Nesse período eu não conseguia devido ao meu trabalho. Eu saí da situação de rua já há um bom tempo. Hoje eu faço a outra coisa que eu amo, a política pública. Eu sou assessor de um vereador na capital de Santa Catarina e continuo nesse projeto maravilhoso junto com a Ivone, o Eu Melhor, onde nós temos esse cuidado com as pessoas em situação de rua e o cuidado também com a gente. Eu tive a honra de conhecer o Jairo em 2019 lá na Lagoa do Peri, mas na verdade nós já nos conhecíamos porque foi assim: quando a gente se viu pessoalmente, eu não tinha dúvida que ele fazia parte e já faz parte da minha vida há muito, muito tempo, desde quando a vida é vida. E até eu lembro quando a Ivone falou que o Jairo ia participar com a gente na Lagoa do Peri. Eu já o seguia nas redes sociais. Eu falei: “Ivone, tem certeza que esse mestre vai lá, ele vai vir aqui? O cara é muito fera, é muito famoso, o cara é o cara literalmente”. Ela falou: “Virá, sim!” Então aquilo já foi muito gratificante pra gente porque a gente viu que tem pessoas que, mesmo nunca tendo passado em situação de rua, se preocupam com os outros, com aqueles que têm menos, que não têm nada... Porque quem tá em situação de rua não tem nada, literalmente. E o Reiki, ele foi transformador porque eu era uma pessoa bem violenta, violenta eu digo assim, eu me alterava, eu esbravejava, eu falava muito palavrão; não que eu não fale agora, eu continuo falando, mas o Reiki me coloca assim a cuidar de mim né. E o Jairo sempre com a gente, mesmo na pandemia. A gente se conversava online e participava de algumas reuniões online. Em 2021 a gente, com todos os cuidados que se fazem necessários, voltou com os Cursos de Reiki presenciais com as pessoas em situação de rua e eu tive a honra de participar e hoje eu posso dizer que eu estou no caminho do Reiki como a pessoa que teve o divisor de águas, de quando conseguiu sair da pobreza, da favela e cursar uma faculdade, se formar, dar uma vida digna pra família, pra alguns amigos, ajudar muitas pessoas. O outro transformador de águas é de quando eu me vi literalmente sem nada, em situação de rua, e pessoas me acolheram, mostraram esse caminho maravilhoso que é o Reiki. Então eu sou muito grato ao Reiki, principalmente ao Jairo, porque como eu falei a gente... A gente não se conheceu, a gente se reencontrou e seguimos aí, é meu irmão, meu mestre, uma pessoa maravilhosa. E o Reiki é tudo, faz parte da minha vida literalmente porque quando eu sinto alguma dor, alguma coisa, eu me autoaplico o Reiki, às vezes até no trabalho. Às vezes na hora do almoço eu tiro ali meu tempinho. À noite, na maioria das vezes eu faço cinco ou sete posições e já estou dormindo (risos), mas é importante. Aplico hoje no meu gatinho, tenho um gato, e como é um gatinho de estimação porque eu moro sozinho, me faz companhia. E é isso, Reiki é Vida! E eu aconselho a todos a buscarem não somente conhecer, mas praticar o Reiki.”
G.R., homem, 35 anos.
“Reiki... Sim, impactou muito na minha vida. Aprendi que a gente tem que dar valor pras coisas que o universo nos proporciona. Aprendi que a gente tem que ter amor, carinho, por tudo aquilo que Deus nos abençoou. Pra mim foi muito importante, impactou bastante no meu cotidiano, nessa minha nova caminhada.”
W.R., homem, 37 anos.
”Sou natural de Guarapuava, no Paraná. Perambulando assim pelos trechos das ruas, vim parar aqui em Palhoça, em Florianópolis. E através do pessoal do Povo da Rua, como disse o meu colega, eu encontrei o Professor Jairo e aí fizemos o curso lá. Eu gostei muito e quero praticar mais e mais porque através do Reiki conseguimos também sair da rua, da marquise, estamos dentro de uma casa. Olha, o que eu tenho pra explicar é que o Reiki é uma leveza, um ânimo espiritual, e é muito bom. Quem não participou, faço o convite pra participar que não vai se arrepender. Eu só tenho a agradecer.”
J.N., homem, 47 anos.
“Reiki entrou na minha vida de uma forma muito especial e muito maravilhosa. Eu lembro um dia que cheguei muito vulnerável na igreja, numa situação do cotidiano que me derrubaram, me levaram pra rua, me levaram pra bebida... E nessa vulnerabilidade as pessoas muito amáveis que estavam aqui me direcionaram a duas pessoas que me levaram para uma maca, me deitaram e foi aí que eu conheci o Reiki. Ao deitar nessa maca eu estava muito mal, estava muito pesado, muita carga negativa, e ao término me senti muito, muito, muito leve. Foi muito bom, uma experiência única. Nunca... Não tinha conhecimento dessa técnica do Reiki. Só tenho muito a agradecer aos amigos que me fizeram procurar conhecer mais sobre essa técnica que foi maravilhosa na minha vida e ter outras experiências com relação a isso aí. O que eu tenho a dizer é que foi muito maravilhoso e todo mundo deveria experimentar.”
L.B., mulher, 34 anos.
“O Reiki me ensinou que o amor pode vir de um simples gesto de troca. Ele entrou na minha vida no momento certo e me abriu novos horizontes, então, eu só tenho a agradecer.”
B.L., mulher, 25 anos.
”O Reiki entrou na minha vida na gestação do Isac. Eu já ouvi falar em grupos, Reiki, Reiki, Reiki, mas nunca me liguei, sei lá, achei que era alguma coisa de massagem, alguma coisa assim. Aí eu fui conhecer mesmo através de uma amiga, a Ivone. Aí teve a dança e a gente conheceu um pouco. Aí eu conheci o reikiano, o Jairo, e desse dia em diante eu comecei a me interessar mais pelo Reiki até ter a chance de fazer o primeiro curso e realmente conhecer o Reiki e saber como funciona. Eu me identifiquei muito porque era uma coisa que inconscientemente eu meio que já fazia, de botar as mãos nos olhos quando a gente tinha dor, botar as mãos na cabeça.”
C.O., homem, 45 anos.
“Sou natural da cidade de Saudades, oeste catarinense, e me encontro na Grande Florianópolis há uns 30 anos. Eu me encontrava numa situação de rua. Conheci o pessoal da Pastoral e por meio da Pastoral tive a oportunidade de participar de um curso com o Professor Jairo e os demais professores. Então foi assim que o Reiki entrou na minha vida. Fui, participei do curso, da primeira fase do curso, gostei muito, foi muito gratificante. E através do pessoal do Reiki junto com o pessoal da Pastoral, eles, numa ação conjunta, não mediram esforços para conseguir um lugar pra gente ficar. Eles encontraram um ambiente pra gente ficar e a gente está ali faz um mês e meio, mais ou menos. E o Reiki foi uma coisa muito importante, foi gratificante demais da conta, me trouxe paz, segurança, muita segurança, muita confiança. Eu era muito, posso dizer, uma pessoa deprimida, medrosa. O Reiki me acalmou. Foi também uma situação de quase que uma cura de dores musculares. Parei de sentir dores. Muito gratificante, muita alegria veio na minha vida, muita paz. Junto com a Pastoral e o Reiki e a equipe do Professor Jairo, nós estamos tendo o apoio ainda com eles, estamos caminhando juntos com eles ainda. Através do Reiki eu espero trazer mais gente, da Pastoral, do próprio Reiki. Que a gente possa dar uma oportunidade e que eu possa voltar a me inserir na sociedade e pretendo, sim, dar continuidade no Reiki e quem sabe fazer do Reiki uma profissão, por que não? Porque eu fiquei bem impressionado, bem impactado e estou divulgando o Reiki cada vez mais. Eu só tenho a agradecer ao Reiki e ao Professor Jairo. Muito Obrigado!”
A.N., homem, 37 anos.
“Foi bom pro meu viver, foi bom pro meu viver!”
F.S., mulher, 45 anos.
“O Reiki impactou bastante a minha vida quando meu mundo ruiu em 2017 e eu permiti a uma reikiana, uma irmã do caminho, que me tocasse, e ela me permitiu lavar os pés dela. Foi meu primeiro encontro com o Reiki. Fizemos três sessões e o modelo trash que eu estava segurando ficou bem, entendeu? Foi muito lindo, foi muito bom e todo meu preconceito, ele caiu ali porque eu, como eu tinha me esquecido daquela palavra: Cure-te a ti mesmo! Agora eu tenho uma autonomia, agora eu fiz o curso, estou aplicando em mim mesma, nos meus animaizinhos, nas minhas plantas. Estou aplicando na minha cabeça, pois tenho um tumor. Agora eu quero praticar limpamente do Reiki como o Mestre Jairo orientou. A minha experiência de Amor com Mestre Jairo foi uma experiência única. Eu apresento as minhas mãos agora para o Reiki, o respeito e o reconhecimento à Vovó Bárbara, de seu filho Jairo e eu agora filha ao dispor para servir nesse caminho e fazer essa mudança.”
P.W., mulher, 29 anos.
“Sou de Florianópolis. Tive contato com o Reiki no curso de dois dias na CNBB, no Bairro Pantanal. Eu já tinha ouvido falar em Reiki, mas nunca praticado antes. O meu contato com Reiki foi algo muito bom, algo que eu nunca tinha experimentado antes e isso me beneficiou em muitas coisas, me trouxe paz. Eu sou uma pessoa muito ansiosa, então o Reiki, a autoaplicação do Reiki, me ajudou muito nessa questão da ansiedade, de ser ansiosa. Eu convivo também com a síndrome do pânico e isso me ajudou muito, me beneficiou muito nessa questão, nessa forma de terapia alternativa, nesses bons benefícios que o Reiki nos proporciona. Trouxe muita paz. Ao me tornar reikiana me beneficiou na questão da paz, da tranquilidade, isso no corpo, na alma e no espírito. Senti boas vibrações com o Reiki, coisas boas. Comecei a conhecer boas pessoas, o que me trouxe boas energias. Quero expressar a minha enorme gratidão ao Mestre Jairo Salles e à Mestra Ivone Maria Perassa. Gratidão!”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Minha escolha ao apresentar este trabalho tem um vínculo de confiança na Paz como caminho, que se fortalece a cada experiência no Poder do Encontro com o professor Roberto Crema.
Sigo tocado pelo campo transformador criado pelo encontro, pelos encontros relatados aqui, pela vivência da “utopia realizável do encontro” proporcionando comunhão, participação e celebração do humano, do mais humano em nós, do humano em aprendizado e entrega.
Lembro-me inevitalmente de Dulce Magalhães que dizia: “Enquanto não nos posicionarmos e não fizermos a escolha, viveremos no mundo que não escolhemos nem desejamos. É sempre momento de convocação, de reunião, de reconstrução. O chamado já está sendo feito. Que sejamos capazes de atendê-lo e nos seja dado o privilégio de nos tornarmos a mudança que queremos ver no mundo, como nos ensinou Mahatma Gandhi.”
Confio no encontro, no atrito, no olhar que, dissolvendo separatividade, dissolve a invisibilidade, desvela o invisível, esse que é tão surpreendente, como canta o poeta Caetano: “não por ser exótico, mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto, quando terá sido o óbvio.”
Surpreendente pelo invisível ter sido o outro, o irmão, o próximo, o ver-se no olhar do outro e assim seguir nas trilhas do encontro, beija-flores, pontifex, e construir um mundo em que nossas escolhas façam sentido no caminharmos juntos, pensarmos juntos, acolhermos as diferenças e especialmente celebrarmos as dádivas do suprimento dessa Terra Mãe na mesa comum.
Jairo Salles
Florianópolis, Março de 2022
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REFERÊNCIAS
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